Iracema Arditi participa de coletiva na Fiesp

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O Centro Cultural Fiesp é presenteado até 8 de junho com um recorte expressivo da coleção do MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo). Encontros entre o moderno e o contemporâneo reúne mais de cem obras no espaço localizado na avenida Paulista e possui algumas surpresas para o público. Há trabalhos de Francisco Rebolo (1902-1980), Guignard (1896-1962) e Aldo Bonadei (1906-1974), entre outros.

 

Vista da exposição _MAM São Paulo_ encontros entre o moderno e o contemporâneo_ no Centro Cultural Fiesp. Foto_ Ding Musa_MAM São Paulo

Vista da exposição MAM São Paulo - encontros entre o moderno e o contemporâneo no Centro Cultural Fiesp. Foto - Ding Musa - MAM São Paulo

Uma delas é a revalorização de Iracema Arditi (1924-2006) na seção Natureza – Fim da Representação dentro do recorte com curadoria de Cauê Alves e Gabriela Gotoda. Artista com forte assinatura ligada ao naïf, ao popular e à imaginação, teve fecundos laços com a Galeria de Arte André. A mais recente exposição dedicada à sua produção na André ocorreu sob o selo do projeto Monográficas, em 2021.

 

Francisco Rebolo, Arredores de São Paulo, 1938. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto_ Ding Musa

Francisco Rebolo, Arredores de São Paulo, 1938. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto_ Ding Musa

A artista paulistana ganhou duas outras exposições individuais no espaço - em 1981 e 1983 – e criou telas em que a paisagem foi foco central de sua poética, com grande apuro cromático e abertura para uma visada não documental sobre o tradicional gênero da história da arte.

 

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Brasil, Continente, Iracema Arditi - Óleo sobre tela - 1968

 

Na mostra atualmente em cartaz na Fiesp, o óleo sobre tela Brasil, Continente (1968) é exibido. Além dela, há outra peça interessante. O óleo sobre tela Dança (1965), de Heitor dos Prazeres (1898-1966), foi doado à instituição pela pintora.

 

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Dança, Heitor dos Prazeres - Óleo sobre tela - 1965

Iracema foi uma profissional autodidata, depois de trabalhar como secretária, jornalista e comissária de bordo, entre outras atividades. Expôs pela primeira vez em 1954 no Salão de Arte Baiano, em Salvador, mas foi depois da sua primeira exposição individual na Casa da Cultura Francesa, em São Paulo, no ano de 1965, que ela teve intensa trajetória no circuito das artes plásticas da época, não apenas no Brasil. Na França, por exemplo, teve individuais nas galerias parisienses Herbinet (1965), Antoniette (1967), Camille Renault (1969), Séraphine (1970) e Debret (1974).

 

Aldo Bonadei, Natureza-morta, 1960. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto_ Ding Musa

Aldo Bonadei, Natureza-morta, 1960. Coleção Museu de Arte Moderna de São Paulo. Foto_ Ding Musa

O crítico Leo Gilson Ribeiro, em texto que acompanha a mostra de Iracema em 1983 na André, destaca a particular produção da artista. “Seus matizes de amarelo, de roxo, de verde, as flores, os casais de amantes, os pássaros, as casas, os montes – tudo flui ritmicamente como numa estuante canção da terra, celebração ao mesmo tempo alegre e melancólica da vida”, escreve ele.

A própria artista já desenvolvia um olhar ecológico sobre a própria obra, como depoimento ao MIS (Museu da Imagem e do Som) paulistano revela. "Meu maior compromisso diante de mim mesma é provocar saudades antecipadas disso tudo, das belezas naturais que desaparecem, por vontade, ambição e ingenuidade do homem. A máquina chega toda poderosa, não devemos ceder a destruição das florestas, das matas, árvores, gramados ela acaba com nossas borboletas, passarinhos e a sombra amiga para pensar, ler ou simplesmente ficar ao fresco", conta ela no registro, em 1975.

 

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Sol - Estrela, Iracema Arditi - Óleo sobre tela

A produção de Iracema também foi objeto de olhares literários bastante especiais, como os de Jorge Amado (1912-2001) e Pablo Neruda (1904-1973). "Um país vegetal e mágico, paisagem tranqüila com águas mansas de lagos e rios, legiões de enormes borboletas, pequenos pássaros em bando, numa inata sabedoria de cores, eis o mundo de Iracema em quadros cada qual mais repleto de paz. Recordo meu deslumbramento no meu primeiro contato com a pintura da moça paulistana, se não me engano em uma exposição na Galeria Cosme Velho. Essa sensação imediata de paz e amor na visão de um mundo ainda não afetado por toda a corte de desgraças que nos cerca e assassina a cada instante em todos os quadrantes de um mundo sem sentido. Iracema nos restitui a simplicidade, a ternura, uma plenitude de vida", escreve Jorge.

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Galeria de Arte André
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